“Sei que em um jogo, às vezes, eu não vou pegar 100 vezes na bola, mas eu procuro, se eu pegar 20 vezes na bola, colocar alguém na cara do gol, ou chutar, porque eu sei que são essas coisas que decidem jogos” — Raphael Veiga, oitavas de Libertadores, 2023.
Perceba que ele já havia normalizado o cenário em que ele pegará 20 vezes na bola em alguns jogos. Quando um jogador normaliza isto abertamente num pós-jogo, é porque vem do treinador. Jogadores de gerações anteriores, com mais personalidade, desrespeitariam a norma, mas o Veiga é taticamente aplicado, um robozinho (pra usar o termo) que raramente abandona a sua função pra chamar o jogo, um dos motivos que fazem o Abel gostar tanto dele, talvez.
Temos jogadores individuais e elenco melhores do que eles, mas eles têm um time principal mais coeso, adaptado e experiente do que o nosso.
Estamos longe de ter um quarteto ofensivo como Carrillo (talvez o melhor jogador do campeonato), Garro, Memphos e Yuri, tanto que fomos incapazes de superar a defesa lixo deles, cansada do jogo de pré-Libertadores no meio da semana.
Nossa dupla de volantes ainda não se completa como a de Raniele e Martínez. Emi (Aníbal) e Ríos são mais talentosos, individualmente, mas os corintianos raramente brincam em serviço e respeitam as próprias limitações — característica fundamental de volante, que o colombiano teima demais em respeitar.
Eles jogarão em um estádio onde dificilmente perdem, com a torcida empurrando do primeiro ao último minuto. O Corinthians tornou-se favorito nesta final, sair de lá com título será um dos maiores desafios da era Abel.
Parece que teremos Maurício disponível pro jogo, e até mesmo o Paulinho. Claro que ainda falta ritmo pra eles, mas poxa, temos um time muito superior no papel que os lixos. É só por a bola no chão e fazer o simples, e jogar com inteligência e vontade. A gente sai de lá com uns sonoros 3x0 e o resto é história.